sábado, 1 de junho de 2013

UMA DISCURSÃO SOBRE O INFERNO

UMA DISCURSÃO SOBRE O INFERNO
Por: Lázaro Costa



Amigos,
Sei que parece um assunto muito esquisito e que não deveria merecer qualquer destaque, mas, é interessante que nos aventuremos por este tema tão controverso.
Este post visa trazer aos amigos um debate mais sério e despido de quaisquer misticismos ou medos sobre este lugar que nós não desejamos ir. Não desejo esgotar o assunto, e sim instigar o debate.
Vamos começar da suposição que existe um único Deus. Sim, vamos partir da premissa que nada no universo é aleatório, ou seja, nada foi criado ao acaso. Se isso é verdade, algo ordena tudo e esse algo é um ser supremo que chamamos de Deus.
Ademais, é possível cogitar que deve haver só um. Isso parece racional, afinal, se mais de um houvesse seria muito difícil manter a ordem no todo, já que forçosamente deveria haver alguma espécie de hierarquia entre eles, e assim, haveria um Deus e vários deuses menores. Mesmo nesse contexto, ainda sim haveria um único Deus, já que os demais seriam subalternos ao deus-mor.
Avaliando a ideia de único Deus, outras questões devem ser levantadas...
Este Deus não pode ser criado, ou seja, não deve haver um criador de Deus. Se isso é verdade, então seu criador é o verdadeiro Deus, e toda a questão perde o sentido. Por esse prisma, Deus sempre existiu.
Neste ponto, você deve perceber que o Deus único é o Ser Supremo de tudo. Assim, ele deve ser perfeito sob todos os aspectos. Ora, se ele é perfeito não pode ter nenhum tipo de defeito. Não comete erros, é perfeitamente sábio. Se você concorda com essa suposição, então tudo está em perfeita harmonia, e nada está fora do controle de Deus.
Muito bem, vamos olhar para nosso mundo. Não se pode olhar para a natureza e acreditar que tudo isso seja mera obra de acaso. Nada surge do nada. Então, porque existe uma aparente desordem? Porque parece que tudo só piora e uma crescente desorganização parece imperar?
De fato, as coisas parecem desordenadas e incompletas se você apenas uma parte do sistema. Deus é perfeitamente sábio, dessa forma nada foge ao Seu controle. Se você percebe aparente desordem é porque estais olhando uma pequenina parte do todo. Um exemplo disso é o derretimento do gelo.
Quando vemos o gelo derreter, percebemos que o mesmo “some” e a água “surge”. De fato isso acontece, mas, o gelo e a água são a mesma substância. Ele apenas está ganhando energia do ar a sua volta que o faz modificar sua estrutura. Parece uma desordem? Você consegue entender os efeitos da perda de energia do ar ao redor do gelo para todo o sistema atmosférico do planeta? Não? Então, como pode qualificar isso como uma desordem? Se não percebemos o todo, a ordem ou desordem são apenas conceitos locais.
Agora, deves estar pensando o que isso tem haver com o inferno. Bem, o inferno é pior lugar para o ser humano comum. Puro sofrimento e dor para toda a eternidade. Mas, há algo estranho nessa eternidade.
Vejamos, se o inferno é eterno, existe um consentimento de Deus. Afinal, Ele tudo sabe e todas as coisas têm de ser vontade Dele. Mas, como pode um Ser perfeito permitir que suas criações sofram eternamente? Se assim for, é forçoso supor que esse Deus não é infinitamente bondoso. Isso denotaria uma falha na perfeição deste Ser, assim, não estaríamos falando de Deus. Por isso, acreditar que o inferno é eterno não é coerente.
E o diabo? Supremo senhor do inferno eterno. É dito que ele foi um anjo caído. Isso pode realmente ser verdade, mas, se ele se tornou mal, significa dizer que não era mal. Ou seja, Deus não o criou para atormentar as almas humanas. Ele ficou assim porque quis. Isso se chama livre arbítrio, algo que todos nós temos.
Então se o diabo, assim como todos nós, tem o livre arbítrio, isso significa que ele não necessariamente será eternamente mal. Ou seja, o mesmo pode em algum instante se render ao caminho do bem. Assim como aquele, os humanos podem se arrepender de forma verdadeira e desejar se redimir de suas faltas.
É desta maneira que o inferno pode se esvaziar! Como pode um Deus de infinita bondade e amor trancar para sempre almas e o próprio diabo em um local de puro sofrimento e dor, mesmo que eles em algum momento possam ser se arrepender de forma sincera? Isso denota algum tipo de maldade por parte desse Deus, o que contraria a ideia de perfeição.
Neste ponto, é preciso entender que o diabo não pode ser verdadeiramente oposto a Deus, já que o mesmo forçosamente foi criado por Ele. Isso significa que seu poder não se compara, mesmo que palidamente a Deus. Se tal afirmação é verdadeira, Deus permite que nos humanos faltosos marchemos para o inferno assim que morremos. Não há uma briga entre o diabo e Deus, Ele apenas consente que seja assim. Parece maldade? Não é. Mas uma vez, o livre arbítrio é a resposta.
Se Deus não nos permitisse o livre arbítrio, não haveria motivos para sermos criado com inteligência. Sem esse “presente” seriamos marionetes e apenas existiríamos. Isso sim seria uma extrema maldade. Quando fazemos algo errado Deus castiga? Não. O livre arbítrio nos foi dado. Fazemos o que queremos. Mas existe uma coisa chamada ORDEM.
Suas ações repercutem no todo, e essa repercussão gera uma resposta que te afeta. É a reação aos seus atos. Isso foi um castigo? Não. Se suas ações geram reações negativas para você, isso é apenas a ações das leis universais. Adianta chorar ou implorar? Não. O que adianta é refletir e não cair mais no mesmo erro.
Esta questão endossa que não devemos ficar eternamente no inferno. Afinal, se você reflete verdadeiramente sobre seus atos e se arrepende, forçosamente sua ação deverá gerar uma reação no todo e você deverá sair do inferno, já que você não se afina mais com um lugar de sofrimento e dor. Mas e aí? Você vai para o céu?
Você pode ver Deus só porque se arrependeu? Simples assim? Não faz qualquer sentido. Pensemos em uma pessoa que fez o máximo em vida para seguir a retidão de seus atos. Se esforçou para dar o melhor possível a todos de sua comunidade, um exemplo de boa alma. Este vai para o “céu”? Sua resposta deve ter sido sim. Muito bem, agora imagine o pior assassino e estuprador. Este vai para o inferno? Sua resposta deve ter sido sim mais uma vez. Ele fica por lá algum tempo e depois de tanto sofrer se arrepende verdadeiramente. Você acha justo Deus coloca-lo ao lado daquela boa alma citada acima? Resposta deve ser não. Por quê? Ele se arrependeu, mas, não exerceu os atos que qualificaram o bom homem a tomar seu lugar no “céu”.
E agora? Parece que está faltando algo nessa história. De fato sim. Como o assassino pode exercer seus atos de retidão e assim se igualar em merecimento ao bom homem? Ele não pode virar anjo, afinal isso seria um erro muito grave por parte de Deus, e Deus nunca comete erros. Ele terá que voltar e tentar seguir o caminho certo, ou seja, tentará seguir a ORDEM do todo. Mas pessoas não renascem! Então ele deve reencarnar com outra identidade.
Não se apegue a qualquer preceito religioso neste ponto. Agora que fica interessante. Se você tem a oportunidade de voltar e tentar, terás o verdadeiro merecimento, e não serás impedido de exercer seu livre arbítrio. Dessa forma, você deverá ter quantas chances for necessária para atingir a meta de estar harmonizado com a ordem do todo. Assim será até não precisares mais tentar. Neste ponto, serás completo. Todavia, enquanto suas ações gerarem reações negativas a volta para o inferno será necessária.
Parece claro que tais idas e vindas terão características diferentes. Uma pessoa que vai para o inferno por cometer genocídio não deve sofrer as mesmas penas que uma pessoal que causa problemas de qualquer natureza inconscientemente (sem querer). Dessa forma, quanto mais se compreende a ordem de tudo, menos se sofre. Quando todos alcançarem esse objetivo, não será mais necessário o inferno.
Assim sendo, a presença de um inferno é uma condição transitória e, só existe por ações negativas primeiramente do diabo, que inaugurou o inferno, e vai ficar por lá até conseguir o mérito de sair; e por nossas ações que nos levaram a este lugar até não mais precisarmos.
Muitos dirão: “Satanás é o rei do inferno! Nunca sairá de lá! Aquele é o seu domínio!”. Isso é verdadeiro? Caso sim, deixe-o lá. O diabo nos atenta, pois ele é (no momento) contra Deus. Esse sentimento faz com que ele deseje roubar, destruir e acabar com toda a criação divina. Por isso, o mesmo é o símbolo do mal. Talvez não do mal, e sim da ignorância. Não existe o puro e eterno mal. Se isso existisse, forçosamente Deus teria consentido, e isso denotaria uma falta de bondade infinita Nele.
Se vamos ao encontro dos domínios satânicos é por culpa única e exclusiva de nossos atos. Aqueles que abrem os olhos a isso não mais deverão ficar nessa roda de reencarnação-inferno- reencarnação. No momento em que ninguém mais aparecer por lá, quem sabe o diabo olhe para nós e perceba que não vale a pena permanecer no inferno. Nesse momento ele começará sua verdadeira marcha, aprendendo conosco a perceber a ORDEM do todo.



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