sábado, 28 de setembro de 2013

O SILENCIO DOS ÍNDIOS


Nós, os índios, conhecemos o silêncio. Não temos medo dele.
Na verdade, para nós, ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram essa sabedoria.
“Observa,escuta e logo atua” nos diziam. Esta é a maneira correta de viver. 
Observa os animais, para ver como cuidam de seus filhotes.
Observa os anciões, para ver como se comportam..
Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro com o coração e a mente quietos e então aprenderás.
Quando tiveres observado o suficiente então poderás atuar.
Com os brancos é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas todos tratam de falar.
No trabalho, estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos
e todos falam cinco, dez, cem vezes.
E chamam isso de “resolver um problema”.
Talvez o silêncio seja duro demais para vocês porque mostra um lado que não quereis ver.
Quando estão numa habitação e há silêncio ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons. Então falam compulsivamente mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir. Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido inclusive.
Se começas a falar, eu não vou te interromper. Te escutarei.
Talvez deixe de escutar se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou te interromper.
Quando terminares tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não
estou de acordo a menos que seja importante.
Do contrário simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio…


Kent Nerburn

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