sexta-feira, 16 de maio de 2014

TEMPO E RITMO



Ter de passar um tempo usando a internet numa velocidade semelhante à antiga internet discada me fez parar para observar e refletir um pouco sobre tempo e ritmo. E me fez lembrar de algo que eu mesma disse a outra pessoa ha algum tempo atrás.
Lembro de quando a gente mandava uma carta para quem estava longe e esperava dias ou semanas pela resposta, com entusiasmo. Lembro de quando o telefone fixo era a única forma de encurtar distâncias, e uma chamada de longa distância era muito cara. Lembro de quando a gente esperava no ponto de ônibus por uma hora, porque as linhas não eram tantas. E lembro que eu tinha tempo para tudo, que esperar não era problema, que eram poucas as pessoas apressadas. O ritmo da vida não era tão acelerado e o tempo não era tão curto. Hoje a gente manda um e-mail ou um torpedo e ele chega quase instantaneamente. A gente se comunica em qualquer lugar e as chamadas não são tão absurdas. Videoconferência pela internet, em tempo real. Ônibus a cada vinte minutos, metrô. Tudo isso deveria nos desacelerar ainda mais e fazer com que sobrasse tempo, pois tudo é muito fácil e rápido. Mas temos cada vez menos tempo e vivemos mais e mais aceleradamente.
Um tempo atrás, uma amiga me disse que estava em busca de uma cidade mais pacata para se mudar de São Paulo, pois o ritmo lá era acelerado demais e ela se sentia fatigada e não tinha tempo para nada, nem para si mesma. Mas para isso precisaria dar uma busca minuciosa, pois morava com a mãe idosa em frente ao hospital onde ela fazia acompanhamento, ao lado do parque onde fazia caminhada e a duas quadras do trabalho.
Poxa... Isso, em São Paulo, é quase uma bênção divina, um grande bônus de tempo, como ter um dia com 30 horas só para você – foi o que eu disse a ela. E continuei: Tempo é uma questão de ritmo. Como todos correm, corremos, seguindo o fluxo, nos encaixando nele. Como o dia é “curto”, procuramos preencher ao máximo nosso tempo e fazer o máximo possível a cada dia, sem reservar o tempo necessário ao relaxamento que precede um sono reparador e, às vezes, nem o tempo necessário ao próprio sono, pois o dia seguinte será tão “curto” quanto esse. Corremos o tempo todo e não só quando é realmente necessário. Já tentou seguir seu ritmo natural? Você conhece seu próprio ritmo? Você pensa sobre como gasta seu tempo?
Nos fechamos dentro do ritmo de fábrica, de produtividade, de atividade desenfreada que essa produtividade de plantão requer, para não nos sentirmos improdutivos, atrasados. Nos encaixamos no ritmo do "fast", do "express". Entramos numa ciranda frenética que nos engole, porque aceitamos e permitimos.
Bom, minha amiga mudou de idéia e de ritmo e conseguiu superar o ritmo de São Paulo. Encontrou seu próprio ritmo, seu próprio eixo, e impôs isso ao relógio. E o tempo obedeceu ao seu ritmo. Deixo essa reflexão aos meus amigos hoje, e repito a pergunta: Você conhece seu próprio ritmo? Você pensa sobre como gasta seu tempo?

Abençoados sejam!
Corvo Negro

Abençoada seja você Corvo Negro! 


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