sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

APROVEITAMENTO DO CONHECIMENTO


Certa vez, Buda explicou a seus discípulos a doutrina de causa é efeito, e eles disseram que a viam e compreendiam claramente. Então disse: - Ó bhikkhus, esse ensinamento que compreendeis de uma maneira tão pura e clara, se vos apegais a ele e o guardais como a um tesouro; então não compreendeis que o ensinamento é semelhante a uma jangada que é feita para um determinado fim, e não para ser continuamente carregada às costas. E assim, deu o seguinte : exemplo: Um homem, viajando, chega à margem perigosa e assustadora de um rio de vasta extensão de água. Então vê que a outra margem é segura e livre de perigo. Pensa: "Esta extensão de água é vasta e esta margem é perigosa, aquela é segura e livre de perigo. Não há embarcação nem ponte com que eu possa atravessar. Acho que seria bom juntar troncos, ramos e folhas e fazer uma jangada com a qual, impulsionada por minhas mãos e meus pés, passe com segurança à outra margem". Então esse homem executa o que imagina, utilizando-se de suas mãos e seus pés, e passa para a margem oposta sem perigo. Tendo alcançado a margem oposta, ele pensa: "Esta jangada me foi muito útil e me permitiu chegar a esta margem. Seria bom carregá-la à cabeça ou às costas onde quer que eu vá".
- Que pensais, bhikkhus? Procedendo dessa forma, esse homem agiria adequadamente em relação à jangada?
- Não, senhor! - responderam os bhikkhus.
- Como agiria ele adequadamente em relação à jangada? Tendo atravessado para a outra margem, esse homem deveria pensar: "Esta jangada me foi de grande auxílio e graças a ela cheguei com segurança, agora seria bom que eu a abandonasse à sua sorte e seguisse o meu caminho livremente".
Assim, lembrou aos monges; contra um dogmatismo excessivo: "A doutrina se assemelha à jangada; deve ser considerada não como um fim, mas como um meio; da mesma forma, a jangada é um meio para se atravessar, não para se guardar".” 

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