terça-feira, 3 de dezembro de 2013

CARTAS A DEUS/ SOLIDÃO






       " É péssimo que você queira ser normal. Há demasiada gente normal. Os normais são pouco  interessantes e não tem nada que aportar.Os anormais, os atípicos, marginalizados pela sociedade, formam uma humanidade à parte. Formamos uma espécie de nação transacional e sem fronteiras.
       Por vezes nos encontramos e passamos bons momentos, mas depois cada um volta à sua ilha e segue trabalhando em si mesmo, porque o preço de ser mais consciente, de certa forma, é estar ilhado. Sabemos que só, na solidão podemos encontrar a nós mesmos e tampouco há muita companhia que valha a pena. Nós nos enganamos buscando fora de nós, o que sabemos estar dentro.
       Ainda que cada um em sua ilha, no fundo temos certeza que nossos caminhos são um só, e de que não estamos de todo sós. Nós temos uns aos outros e, muito mais que isso, temos populações inteiras em nossas ilhas. Além disso, estamos juntos de quando em vez, momentos que essas populações se confraternizam.
      Certamente não somos deste planeta. \temos gostos muito distintos. Algo nos diz que não somos daqui, que viemos de uma outra terra. Estamos aqui apenas de viagem e algum  dia voltaremos à casa.
       Não é tão mau assim. Um mal sinal seria se fôssemos compreendidos pelos habitantes deste planeta. Significaria que somos tão loucos quanto eles.
       Não se preocupe tanto com o fato de ser diferente. As diferenças não são um problema, somos nós que fazemos dela um problema. Aceite sem sentimento de superioridade, ou culpa essa realidade. Assuma essas diferenças. É muito monótono ser, além de normal, conservador: e você não é nem uma coisa nem outra. Assim, não faça de ninguém um modelo do qual você deve ser. Desse modo, outros diferentes se aproximarão e você ajudará o mundo a ser diferente. Lembre-se disso: você não está sozinho"
 Francisco Böstrom - Livro: Cartas a Deus



NOTA:  Com autorização do autor deste e de outros livros,  edito após as postagens dos textos,  uma nota, a pedido de algumas pessoas, que reconheço estarem buscando uma visão diferente.  Não que os textos não sejam claros e bem claros para alguns, mas talvez não o seja para outras, justo por estar num universo de pensamento e filosofia muito próprias, talvez atípicos para alguns , mas   que ao mesmo tempo diz respeito a todos e responde e coloca, sobretudo neste texto,  que existem as diferenças e que muitos somos os ditos diferentes e muitas são  matizes dessas diferenças e que isto não deve ser entendido como sermos seres à parte da criação.
Muitas pessoas se sentem inadequadas por sua natureza " talvez incomum" e na verdade,  será que somos mesmo tão diferentes ou compramos a ideia deste modelo de mundo, no qual muitos fazem um esforço enorme e  até se violentam  para serem inseridos e se sentirem acolhidos aceitos e assim se sentirem seguros, onde alguns ditam  as regras do certo e do errado, ditam  o que é o pecado , inibindo nas pessoas o direito de serem e se expressarem como verdadeiramente são e tomarem consciência de si mesmas, saberem exatamente em que ponto estão de sua evolução nesta  trajetória da imortalidade.
Quantos conflitos são desencadeados neste confronto entre  a verdadeira e a falsa identidade emocional e espiritual de cada pessoa ? Quantos de nós, caminhamos na verdade sem nenhuma identidade , como seres robóticos, produzidos em série, apenas buscando atender ao modelo de vida dito correto? 
É certo que há necessidade de uma organização,  que hajam leis e regras de boa convivência, onde o respeito  inclusive às diferenças seja ensinado, onde a solidariedade e fraternidade sejam incentivadas,   mas o que vemos não é nada disso e está muitíssimo longe de ser. Então ficamos , cada qual, à mercê daquilo que conseguimos perceber e assimilar, meio à deriva, nos sentindo perdidos, mas  nunca e jamais abandonados pelo nosso Mestre Interior, o verdadeiro guia que deveríamos consultar, o único que individualizado é o Todo e Senhor Absoluto, que  jamais se contradiz e ainda que fragmentado em bilhões e bilhões de seres, assim como na natureza de um modo geral, é Uno.
Suzana Campista

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