domingo, 19 de maio de 2013

SÓ POR AMOR


                                                           


Quando ajudamos os pobres, fazemos com qual intenção? Será que é digno tratar a miséria apenas pelo lado material? Acredito que não, pois o ser humano precisa de muito mais do que isso. Precisa de educação, respeito e trabalho para que tenha dignidade e possa responder por si mesmo , sem que haja necessidade de bengala para se apoiar. Sem contar, que quando ajudamos, estamos recebendo muito mais do que dando.
As pessoas que vivem das migalhas que recebem não são felizes. Acabam deixando de lado seus sonhos e deixam, também, de acreditar em si mesmas e com isso perdem qualquer possibilidade de reagir à vida. Acomodam-se à situação e não reagem e passam a levar a vida sem nenhuma perspectiva.
A caridade não deve ser uma obrigação, mas sim um ato fraterno para ajudar ao próximo, repensando as ações sociais,de forma que se dê a vara para pescar e não o peixe.
É através da educação que ensinamos a pescar e damos às pessoas a chance de crescer na vida através de suas próprias vitórias pessoais tendo oportunidades de empregos e dignidade preservada.
Andrea Lode /Equipe ELP

O TEXTO ABAIXO FOI  RETIRADO DO LIVRO A FORÇA ETERNA DO AMOR TERESA DE CALCUTÁ, PELAS MÃO DE ROBSON PINHEIRO,CONTAGEM, MG: CASA DOS ESPÍRITOS EDITORA, 2009.

“Faz-se caridade muitas vezes por obrigação religiosa, com a pretensão de salvar o pobre da opressão. No entanto, considero urgente a revisão dessa forma de agir, que mantém o pobre na dependência social e econômica daquele que intenta ajudá-lo. Que tipo de ajuda é essa em que se distribuem cestas básicas, mantimentos e água, mas não se procura dignificar o ser humano? Que tipo de bem se pretende fazer quando se pode fazer muito mais, além do simples alimento, dando educação, trabalho e, sobretudo, dignidade humana?
Talvez me perguntem: “Teresa, você não está sendo exigente com os cristãos e com os governantes?”. Entretanto, só posso constatar que é Jesus quem é exigente com seus emissários. Quanto a mim, apenas instigo à reflexão: estamos realizando uma obra educativa ou fazendo média, utilizando um paliativo que ostenta nossa pretensa bondade e alimenta a miséria social?
Recebo notícias sobre a construção de moradias para os pobres e vejo como louváveis as atitudes quase generosas de alguns políticos, partidos e agremiações sociais ou religiosas, que erguem palafitas em meio às cidades e empoleiram pessoas como num ninho de pássaros feridos pela miséria. Passam-se anos, e, ao se visitarem esses mesmos lugares, costuma-se ver lá o reflexo da falta de educação para viver em comunidade. Dão-se alimentos, pratos de sopa, como se sopas fossem suficientes para acabar a fome no mundo. Isso é louvável, eu sei. Contudo, cogito comigo mesma se estamos agasalhando a miséria para embotar nossa consciência religiosa ou se estamos fazendo a caridade legítima, a que Cristo pregou.
Falo da necessidade de educar o ser humano, aquele mesmo que julgamos necessitado, para viver com qualidade. Educação para a saúde, evitando-se o desperdício dos recursos públicos no acobertamento da miséria. O sistema precisa ser reciclado imediatamente, pois considero compromisso com Cristo e com o mundo a promoção da caridade com efetiva qualidade.
Muito se tem feito para matar a fome e mitigar a sede de populações de seres humanos pelo mundo, é verdade. Inúmeras iniciativas são veneráveis, no que concerne ao amparo da pobreza. Porém, será que não poderíamos trabalhar com mais inteligência, a fim de eliminar a pobreza com investimentos na educação? Quem sabe, junto com o prato de sopa, a cesta básica, o salário família, a bolsa família, poderíamos investir na educação, na abertura de novos campos de trabalho, em vez de lançarmos mão da pretensa caridade para promoção pessoal?
É forçoso constatar: somente a motivação do amor verdadeiro poderá fazer a caridade verdadeira. Sem amor, a maior caridade não passará de serviço social ou paternalismo assistencialista. Caridade verdadeira, amor verdadeiro é aquele que transforma, não aquele que mantém a miséria à custa de migalhas diárias, quando se pode investir mais na criatura humana, dando dignidade e promovendo o ser a cidadão do mundo, com maior qualidade de vida.
Iniciativas governamentais seriam louváveis caso não tivessem por objetivo central o ganho de votos, o desejo de perpetuar-se no poder, de angariar pontos na mídia; em suma, de esconder-se atrás da esmola social para autopromover-se. “É o que é ainda mais grave: há muitos cristãos também fazendo exatamente isso.”

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